sexta-feira, 22 de abril de 2011

Duas semanas depois do massacre, atirador de Realengo é enterrado no Rio como corpo não-reclamado


Duas semanas depois do massacre em Realengo, o atirador Wellington Menezes de Oliveira, 23, foi enterrado na manhã esta sexta-feira (22) no cemitério São Francisco Xavier, mais conhecido como cemitério do Caju, na zona norte do Rio de Janeiro, como corpo não-reclamado. O enterro foi feito pela Santa Casa.
O corpo estava no IML (Instituto Médico Legal) Afrânio Peixoto, no centro do Rio, desde a quinta-feira do crime, dia 7, mas nenhum parente apareceu para fazer o reconhecimento. Os familiares tinham 15 dias para retirar o corpo e o prazo acabou hoje.
A Polícia Civil do Rio chegou a cogitar a possibilidade de estender o prazo, por se tratar de um morto publicamente conhecido e para dar mais tempo a família dele, que podia estar se sentindo ameaçada.
O corpo também seria enterrado como indigente no cemitério de Santa Cruz, na zona oeste da cidade, mas por conta do feriado prolongado ele foi levado para o Caju.
Wellington foi adotado ainda bebê. A casa onde viveu com a família em Realengo está abandonada e a irmã, que mora no imóvel, não foi mais encontrada desde o dia do crime. Vizinhos dizem que ela foi para Brasília, onde mora um irmão. Em setembro do ano passado a mãe adotiva morreu, o que fez com que ele fosse morar em uma casa em Sepetiba, também na zona oeste. O pai já havia morrido há alguns anos.

Laudo

No último dia 12, o IML divulgou nota afirmando que o laudo cadavérico de Wellington concluiu que o atirador cometeu suicídio. Segundo a nota, os ferimentos penetrantes e transfixantes que levaram a morte de Wellington foram provocados por "ação perfuro contundente de projétil de arma de fogo (PAF) no crânio (têmpora direita) e abdômen com lesão de encéfalo, fígado e rim direito". De acordo com os legistas, um dos indícios de que houve suicídio foi o tiro encostado na têmpora, mas o confronto balístico ainda será finalizado. 
A nota do IML informa ainda que a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, determinou que os laudos cadavéricos das crianças não serão divulgados. 

Entenda o caso

Na quinta-feira (7), por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, em Realengo, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 23 anos sacou a arma e começou a ameaçar os estudantes.
Segundo testemunhas, o ex-aluno da escola queria matar apenas as virgens. Wellington deixou uma carta com teor religioso, onde orienta como quer ser enterrado e deixa sua casa para associação de proteção de animais.
O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição.
Doze estudantes morreram --dez meninas e dois meninos-- e outros 12 ficaram feridos no ataque.
Na sexta (8), 11 vítimas foram sepultadas nos cemitérios da Saudade, Murundu e Santa Cruz. Já no sábado pela manhã, o corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, 13, o último a deixar o Instituto Médico Legal (IML), foi cremado no crematório do Carmo, no centro do Rio.

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