segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

vc repórter: família questiona ato médico que decapitou bebê no parto



O procedimento médico adotado no Hospital das Clínicas de Chapadinha, uma cidade com pouco mais de 70 mil habitantes, no Maranhão, chamou a atenção da população local e provocou revolta entre os familiares de Maria Concebida de Jesus, 30 anos, que foi ao centro hospitalar na última quinta-feira, 12, para dar à luz o seu terceiro filho.
Segundo a avó do bebê, Osmarina de Jesus, a criança havia sido decapitada pelo obstetra Sergio Souza Barbosa, que realizou o parto da mulher, e, após o ocorrido, a entregou aos pais em uma caixa de sapatos.
O obstetra Sergio Souza Barbosa informou que adotou o procedimento de decapitação em função de uma complicação na hora do parto. "Quando a paciente chegou ao hospital, por volta das 14h15, o bebê já estava morto. O feto estava com os pés exteriorizados pelo canal vaginal e, para salvar a vida da mãe, foi necessário cortar a cabeça", relatou.
Ainda segundo Barbosa, que atua há 15 anos como médico, essa complicação no parto é conhecida como cabeça derradeira, quando a cabeça vem por último, e, nesses casos, o procedimento poderia ser realizado de duas formas: a primeira, por craniótomo, um aparelho que punciona o crânio e aspira o conteúdo encefálico, e, o segundo, por decapitação, medida adotada em função da falta do aparelho no hospital.
O médico relatou que os casos de cabeça derradeira são raros, mas, infelizmente, podem acontecer. "Foi trágico, mas tive que fazer essa opção. Esse parto ficará marcado na minha vida como médico, mas tenho a certeza de que fiz a coisa certa e salvei uma vida", desabafa.
Questionado sobre o modo como o bebê foi entregue aos familiares, a Administração do Hospital informou que solicitou um caixão, mas, sem condições financeiras para arcar com os custos do item, a família optou por levar a criança em uma caixa de sapatos.
A família registrou um boletim de ocorrência sobre o caso e a secretária municipal de Saúde, Maria José Pereira Coutinho, disse acreditar que o médico agiu de forma correta, mas instaurou um procedimento para apurar os fatos.

Conduta médica

 De acordo com a profissional, o caso é delicado e inspira uma análise detalhada. Segundo Milca, avaliações anteriores, como um pré-natal bem feito e um acompanhamento adequado, poderia ter prevenido que a mãe chegasse ao hospital nas condições em que chegou. "O caso de cabeça derradeira é raro, mas pode acontecer. É uma situação de extremo risco, tanto para mãe quanto para o nenê, mas, quando é constatado o óbito fetal e a criança fica com os membros exteriorizados, a decapitação é um dos procedimentos indicados para preservar a vida da mãe", relata.
Ainda de acordo com Milca, o incidente pode ter ocorrido em função do tamanho do bebê e da posição em que ele estava. "A situação é muito difícil, especialmente sem saber a situação do feto na hora do parto. Contudo, em virtude da falta de infraestrutura e das condições relatadas, o médico agiu da melhor maneira possível", afirma.

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