O pai do aluno de 10 anos que atirou na professora e se matou em seguida na quinta-feira, dentro de uma escola em São Caetano do Sul (SP), pode ser beneficiado com o perdão judicial, dado a quem já teve um sofrimento maior do que qualquer tipo de pena aplicável pelo sistema judicial. Essa é a opinião da delegada responsável pelo caso, Lucy Mastellini Fernandes.
Ela disse que não colheu ainda um depoimento formal do pai. Informalmente, a delegada disse que o guarda civil afirmou não ter explicações do ocorrido e disse ter chegado a segurar a mochila onde o revólver estaria sendo transportado para a escola. Será aguardado o pai estar em estado emocional apropriado para depor.
A professora vítima dos disparos deve ser ouvida na segunda-feira. A polícia espera ouvir os alunos na própria Escola Alcina Dantas Feijão. Segundo a chefe da investigação, a decisão é para poupar as crianças de um ambiente de delegacia.
Desenho
A delegada mostrou o desenho encontrado na mochila do estudante. Dividido em duas partes, que ocupam frente e verso de uma folha, o aluno desenhou a lápis o que seria ele dentro e fora da escola.
Na parte em que está fora da escola, o menino se representa com uma espécie de suspensório cruzado no peito, similar a um suporte para armas. No mesmo desenho, o personagem está com algum objeto na mão que não foi possível identificar se era uma arma ou não. No topo da página, a inscrição "fora".
Na segunda ilustração, no verso da folha, o garoto se representa dentro da escola estudando. No mesmo ambiente, um quadro negro e uma professora. Sobre a ilustração, a palavra "dentro".
Lucy afirma que os traços mostram como o menino se imaginava aos 16 anos. Ela também não conseguiu detectar se ele tentou representar o uso de armas. "Há um objeto nas mãos dele que pode ser uma arma, mas não posso afirmar", disse. De acordo com a delegada, o desenho será submetido a um especialista forense.
Não foi ouvida ainda nenhuma testemunha ligada ao caso. Diretora, orientadora pedagógica e uma professora devem ser ouvidas ainda nesta tarde, de acordo com Lucy. Ainda de acordo com a delegada, o desenho é uma das provas à disposição das investigações. Além dele há um revólver, a perícia do local, necropsia do menino e duas cápsulas de revólver deflagradas. "Se ele tivesse bronca de alguém não teria atirado apenas duas vezes", disse.
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